quinta-feira, 27 de maio de 2010

Economia do Brasil deve passar a do Reino Unido, diz BBC

Fonte: Estadão

Otimismo é pouco pra galera da BBC. Os caras estão colocando o gás pra cima do Brasil mesmo. Maior do que França e Reino Unido na próxima década. Não saio daqui mesmo.

Economia do Brasil deve passar a do Reino Unido, diz BBC


A rede de televisão britânica BBC fez uma série especial sobre o Brasil na qual afirma que a economia do País vai desbancar a do Reino Unido.

“O Brasil está se tornando uma fonte de influência econômica”, afirma o jornalista Matt Frei em uma das reportagens, antes de jogar alguns dados: “Crescimento de 5% ao ano, terceira maior indústria de aviões do mundo [a Embraer], maior exportador de carne e uma economia que deve superar a britânica na próxima década, além da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos por vir”.

Em outra reportagem, de áudio, o jornalista diz que “em algum momento do futuro, este lugar vai desbancar o Reino Unido e a França como a quinta maior economia do mundo”.

Frei afirma que, “olhando para as favelas, o quadro se torna mais desafiador”. Para ele, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) é também um “Programa de Pacificação das Favelas”. Como exemplo, ele dá voz a um líder comunitário da Rocinha, no Rio de Janeiro, que opina: “O PAC significa que agora as pessoas têm emprego [...] O governo está gastando muito dinheiro com a gente. Nós precisamos e merecemos”.

A reportagem também traz a avaliação do economista Marcelo Neri, da Fundação Getulio Vargas: “A má notícia é que o Brasil ainda é um dos países mais desiguais do mundo. Mas a desigualdade está diminuindo, mas a desigualdade tem caído – não muito, mas uma pequena queda pode gerar uma grande transformação”.

Em contrapartida ao tom predominantemente otimista da reportagem, o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga diz à BBC que “é uma coisa boa ver a auto-estima [dos brasileiros] melhorando, mas não podemos exagerar”.

Paralelamente às reportagens de áudio e vídeo, o site da BBC traz mapas sobre a distribuição da renda, da população e do Bolsa Família por Estado.

terça-feira, 18 de maio de 2010

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Os Estados Unidos serão a Grécia?

Excelente artigo do Blog do Krugman

Os Estados Unidos serão a Grécia?

12 de maio de 2010 | 16h51

Paul Krugman

David Leonhardt tenta traçar paralelos. Mas qual é a força do paralelo de fato? Eu realmente questionaria esta comparação:

Os números de nossa dívida federal estão ficando assustadoramente familiares. A dívida está projetada para alcançar 140% do Produto Interno Bruto dentro de duas décadas. Acrescentem-se os problemas orçamentários de governos estaduais, e o buraco real cresce ainda mais. A dívida da Grécia, em comparação, é de cerca de 115% de seu PIB.

Bem, isso é comparar uma projeção (altamente incerta) de dívida daqui a 20 anos - que se baseia na suposição de uma política inalterada – com uma dívida real agora. E vale assinalar que a dívida grega está projetada para alcançar 149% do PIB nos próximos anos – e isso com as medidas de austeridade acertadas com o FMI.

Eis uma comparação mais ou menos possível do panorama no médio prazo. Tomei as projeções de Auerbach-Gale para o panorama do déficit orçamentário americano como porcentagem do PIB com as políticas de Obama e as comparei com as projeções do FMI para a Grécia, subtraindo as “medidas” – isto é, as medidas de austeridade acertadas em troca de empréstimos oficiais. Eis como parece:


Basicamente, os Estados Unidos podem esperar uma recuperação econômica para reduzir substancialmente o déficit; a Grécia, que tem um déficit estrutural maior e também enfrenta um ajuste desgastante de sobrevalorização com a zona do euro, não.

Sim, os Estados Unidos precisam de um ajuste fiscal – Auerbach e Gale dizem que temos um desequilíbrio fiscal de longo prazo de 6% do PIB, embora boa parte dele possa ser tapada reduzindo os custos da saúde. Mas nós realmente não somos muito parecidos com a Grécia.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

A Grécia no fim do jogo

Muito bom esse arquivo do Paul Krugman que fala sobre a crise na Grécia.

A Grécia no fim do jogo

Muitos comentaristas acreditam agora que a Grécia acabará reestruturando sua dívida – um eufemismo para a recusa parcial em pagá-la. Mas o raciocínio parece se interromper nesse ponto, o que é errado. Na verdade, o consenso segundo o qual a Grécia deve acabar na inadimplência é provavelmente otimista demais. Estou cada vez mais convencido de que o país será também obrigado a abandonar o euro.

Já expliquei o funcionamento básico do problema: mesmo com uma reestruturação de sua dívida, a Grécia estará em grandes apuros e será obrigada a promover medidas de severa austeridade – provocando um acentuado declínio econômico – apenas para conseguir se livrar do déficit primário, que exclui os juros.

A única coisa capaz de reduzir a necessidade de tamanha austeridade seria algo que ajudasse a economia a se expandir, ou que ao menos impedisse uma contração de tais proporções. Isso amenizaria a dor econômica; também aumentaria a renda, diminuindo assim a rigidez relativa da austeridade fiscal necessária.

Mas o único caminho para a expansão econômica é o aumento das exportações – que só pode ser obtido se os custos e preços gregos sofrerem uma forte redução em relação ao restante da Europa.

Se a Grécia fosse uma sociedade extremamente coesa na qual os salários fossem coletivamente determinados, uma espécie de Áustria do Mar Egeu, talvez fosse possível resolver o problema por meio de uma redução consensual nos salários como um todo – uma “desvalorização interna”. Mas, como demonstram os sombrios acontecimentos de ontem, isso é impossível.

A alternativa é a desvalorização – o que significa abandonar o euro.

Como destaca Eichengreen, o anúncio de qualquer plano para deixar o euro provocaria desastrosas corridas aos bancos gregos. Igualmente, qualquer sugestão da existência dessa possibilidade feita por outros participantes, como o Banco Central Europeu, seria equivalente a invocar um ataque especulativo contra os bancos gregos e, portanto, não pode ser feita. Na prática, a questão toda é impossível de ser debatida.

Mas nada disso significa que o euro não pode ser abandonado. A Grécia já começa a parecer com a Argentina de 2001.

Repito que não se trata de uma alternativa para a reestruturação da dívida; isso é o que pode ser necessário além da reestruturação da dívida para tornar possível o ajuste fiscal.

Espero que em algum lugar, nas entranhas do BCE e do ministério grego das Finanças, as pessoas estejam pensando no impensável. Porque esse resultado desastroso começa a parecer melhor do que suas alternativas.