Autor(es): LUIZ CARLOS BRESSER-PEREIRA | |
Folha de S. Paulo - 10/08/2009 | |
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quarta-feira, 12 de agosto de 2009
Trem-bala e investimento direto
terça-feira, 4 de agosto de 2009
Gozação das estatísticas sobre crédito
Olá, vamos discutir duas notícias recém divulgadas:
- Fato 1: “O crédito cresceu 19% no Brasil, na comparação com os últimos 12 meses”.
- Fato 2: “O crédito cresceu 1,5% no Reino Unido, na comparação com os últimos 12 meses”.
Qual é a melhor notícia? Lendo assim, de sopetão, qualquer um diria que deveríamos comemorar a situação do Brasil. E foi exatamente este o tom da manchete do Estadão desta semana. Já no Reino Unido, ela foi recebida com a ressalva de que foi a menor taxa de crescimento dos últimos anos, i.e. uma recepção negativa!
Acontece que as duas taxas são muito similares (19% e 1,5%) em termos de crescimento efetivo do crédito para a sociedade. Explico:
- Primeiramente, tivemos em 15 de setembro uma machadada na oferta de crédito no Brasil, pois aqui os empréstimos são de curto-prazo. Lá fora o crédito enxugou também, mas muito menos do que aqui.
- No Reino Unido e no resto dos países industrializados, o volume de crédito é gigantesco faz tempo e é pouco sujeito a oscilações de oferta. No Brasil é o contrário. Crédito para empresas pequenas e para o povão é novidade por aqui.
- Como o nosso estoque de crédio vinha crescendo a uma taxa de 25% a.a., estes 19% acumulados junho ‘09 x ‘08 significa uma drástica redução do crescimento da oferta.
- No fundo, esta informação é inútil se não for comparada com nada: se comparada com o mês anterior mostra que o crescimento efetivo foi pífio ou negativo; se compararmos com os 12 meses findos em maio ou qualquer outro mês, veremos que a redução é grande.
- Já no Reino Unido, que teve o seu sistema financeiro quase dizimado – ao contrario daqui -, a oferta cresceu “vegetativamente”, i.e. perto da inflação do período.
A comparação do estoque de crédito da economia ano a ano, só voltará a ser útil e relevante a partir do próximo mês de outubro, quando os efeitos do corte brutal da oferta de crédito novo, a partir de 15 de setembro de 2008, já tiverem sido absorvidos pelas estatísticas.
Portanto, e reforçando o óbvio, cuidado com as estatísticas! Dependendo da base de comparação utilizada elas são mentirosas ou gozadoras.
Abraços, F.
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
PIB americano
Será que os bons tempos voltaram?